Divulgando a carta aberta do Conselho de Representantes de Unidade, que reúne os centros acadêmicos da graduação.
"CARTA ABERTA DO CONSELHO DE REPRESENTANTES DE UNIDADE DA UNICAMP À REITORIA E COMUNIDADE ACADÊMICA
Diante da inédita situação de pandemia causada pelo novo coronavírus, nós, estudantes de graduação e pós-graduação regularmente matriculados, representantes discentes, membros de centro acadêmicos e coletivos auto-organizados da Unicamp, escrevemos este documento com o objetivo de apresentar uma posição e um conjunto de medidas de caráter de urgência em relação à comunidade acadêmica discente e trabalhadores terceirizados da universidade. Julgamos que estas devam ser base para reconsiderações, o mais rápido possível, sobre as medidas tomadas até agora nas resoluções divulgadas pela reitoria desde o início da suspensão das atividades. Tais reivindicações são propostas a fim de garantir a integridade da saúde física e psicológica de toda a comunidade acadêmica.
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"CARTA ABERTA DO CONSELHO DE REPRESENTANTES DE UNIDADE DA UNICAMP À REITORIA E COMUNIDADE ACADÊMICA
Diante da inédita situação de pandemia causada pelo novo coronavírus, nós, estudantes de graduação e pós-graduação regularmente matriculados, representantes discentes, membros de centro acadêmicos e coletivos auto-organizados da Unicamp, escrevemos este documento com o objetivo de apresentar uma posição e um conjunto de medidas de caráter de urgência em relação à comunidade acadêmica discente e trabalhadores terceirizados da universidade. Julgamos que estas devam ser base para reconsiderações, o mais rápido possível, sobre as medidas tomadas até agora nas resoluções divulgadas pela reitoria desde o início da suspensão das atividades. Tais reivindicações são propostas a fim de garantir a integridade da saúde física e psicológica de toda a comunidade acadêmica.
A
situação pelo país e pelo mundo é muito grave. No estado de São Paulo,
as mortes já são dezenas, e o número de casos confirmados de COVID-19
cresce rapidamente, mesmo com a limitação nos testes realizados no
Brasil até o momento. Em Campinas, são centenas de casos investigados, e
até dia 30 de março, segundo a Prefeitura, há registro de 1 óbito e
mais de 30 casos confirmados da doença, inclusive em transmissão
comunitária e em nossa comunidade interna. A maioria das pessoas ainda
aguardam os resultados e contraprovas de seus testes. Por conta do papel
central que cumpre na produção científica e na rede local do SUS,
compreendemos que neste momento, a Unicamp possui uma responsabilidade
ainda maior não apenas com o conjunto da comunidade acadêmica interna,
mas também com toda a população de Campinas e região.
Nas previsões divulgadas pelo Ministério da Saúde e em estudos da curva de pandemia, o sistema de saúde entrará em colapso em nosso país entre Abril e Maio, e até Agosto não veremos uma queda significativa no número de casos. O Ministério também já citou a possibilidade de se estender em mais trinta dias a paralisação de atividades escolares e universitárias, hoje definida para 30 de Abril, pois é comprovado que as medidas mais eficientes para reduzir os danos da doença é a inibição da circulação de pessoas. A posição do Presidente Jair Bolsonaro vai na contramão da contenção do caos sociais que poderemos enfrentar, como demonstra em seus irresponsáveis pronunciamentos, e a falta de uma diretriz clara impõe à sociedade desafios ainda maiores de sobrevivência.
Sendo assim, é preciso que todas as medidas pensadas para essa comunidade sejam formuladas a partir do debate com o conjunto dos setores que a compõe, pois seremos todos atingidos pelas mais diversas consequências da pandemia e temos de nos unir para compreender como poderemos superar esse momento de crise. Temos de fazer jus a responsabilidade social que a UNICAMP cumpre e cumprirá nessa situação sem precedentes, e a democracia é uma questão indispensável para isso, especialmente para uma definição concreta sobre o futuro do calendário institucional para este ano.
Não devemos tratar a situação atual como uma situação de normalidade, é preciso suspender em definitivo todas as atividades não essenciais da universidade para garantir que nenhum estudante, terceirizado, servidor ou docente seja prejudicado. Bem como a sociedade que dependerá dos serviço prestados pela instituição. Compreendemos que a condição de produção de materiais de caráter informativo e científico da Unicamp é notável, e que deveríamos reorganizar o orçamento e as atividades docentes, discentes e científicas agora, adequando a dinâmica da universidade para estar completamente voltada para lidar com o coronavírus e seus efeitos. O momento deve ser aproveitado para agir em prol da firme defesa da universidade pública como um órgão essencial para o desenvolvimento da sociedade, e a propagação da importância da ciência.
Além da própria gravidade da situação nacional e estadual, as definições apresentadas pela reitoria até o momento, em especial quanto a continuidade do semestre e a disparidade na concessão de direitos aos funcionários terceirizados, principalmente a falta de diálogo amplo para tomá-las, também nos motivou a escrever este documento. É preciso compreender que numa situação tão crítica e atípica, os alunos, servidores, terceirizados, docentes e profissionais da saúde precisam estar muito mais à disposição de suas famílias, da sua comunidade, vizinhos e familiares. Muitos poderão adoecer ou sofrer com a vulnerabilidade econômica perante a inevitável paralisação. Além disso, é irremediável considerar que o cenário de isolamento combinado com a crise humanitária que enfrentamos levará muitos a sucumbirem também de problemas relacionados a saúde mental, num período que os atendimentos do Sappe está suspenso.
Uma parcela do corpo discente não tem ao menos condições materiais de seguir o semestre, sendo muitos dos bolsistas, ingressantes por cotas e vestibular indígena. Muitos Centros Acadêmicos levantaram dados que mostram que uma parte significativa dos estudantes estão sem acesso a computadores e internet banda larga. Com a extensão do prazo de suspensão muitos destes também já retornaram para suas cidades de origem, e dificilmente poderiam recolher doações de equipamentos e chips, como tem sugerido a Reitoria. Todos os dados levantados pelas entidades estão disponíveis no anexo junto da nossa proposta de Plano Emergencial que fizemos o esforço de elaborar como proposta a ser debatida. Mesmo antes da confirmação do recebimento do auxílio institucional, muitos professores seguem dando aulas e exigindo atividades com datas de entrega, muitas avaliações também seguem com datas marcadas. Estudantes e docentes com filhos terão que cuidar das crianças, visto que as escolas do ensino básico estão fechadas, dificultando o teletrabalho e o acompanhamento do semestre. A qualidade de ensino e adaptação das disciplinas para o EaD, em especial as de teor prático, também será debilitada. Alguns institutos cujo carga de disciplinas práticas é muito alta, turmas inteiras serão obrigadas a trancar as matérias visto que as aulas práticas são impossíveis de se concretizarem remotamente. Não há um canal único de comunicação e muitos docentes têm tido dificuldade de disponibilizar os materiais, e o aporte limitado da universidade para essa adaptação, também configura a precarização do seu trabalho.
A solução de trancamento de disciplinas ou de semestre dada pela reitoria não contempla os alunos em sua totalidade, em especial com a obrigatoriedade de vínculo determinada para os dependentes das bolsas de auxílio o permanência. A alternativa impõe aos discentes uma situação incerta no semestre seguinte, visto os pré-requisitos exigidos entre matérias, e é possível que muitos teriam de atrasar realmente um ano para retomar seus estudos. Tal situação pode gerar superlotação de salas em semestres seguintes ou ainda mais atrasos pela falta de garantia de vagas o suficiente para todos futuramente. Por isso, defendemos a suspensão das atividades e a criação de um novo calendário, descrito no plano emergencial. Isso também evitaria um cancelamento formal, que anularia as bolsas do SAE.
Sabemos que boa parte do funcionamento da Unicamp, principalmente ao que se diz sobre alimentação, segurança e limpeza, se deve aos funcionários de empresas terceirizadas, uma parte indispensável para o bom funcionamento da universidade, garantindo principalmente uma boa estrutura para nossas atividades presenciais. Com a suspensão destas atividades, entendemos que não há necessidade de manter totalmente o efetivo desses terceirizados trabalhando, fazendo diariamente o trajeto Unicamp - casa, que os colocam em risco durante a pandemia. Se faz urgente manter apenas o efetivo essencial nesse momento e liberar, sem prejuízo algum, o que significa sem transferências ou demissões, sem corte de salário e sem represálias, os demais, principalmente aqueles trabalhadores que façam parte dos grupos de risco da doença, os que convivem com pessoas do grupo de risco, visto que podem ser vetores, e aqueles que, com a suspensão das aulas do ensino básico, precisam cuidar de seus filhos. É importante também que os restaurantes universitários sejam fechados (com exceção do da área da saúde, visto que é importante garantir a melhor estrutura para os trabalhadores que serão linha de frente do enfrentamento à crise sanitária) e que a reitoria distribua cestas básicas ou auxílio financeiro para os estudantes que dependem do baixo preço dos restaurantes para se alimentarem, garantindo assim o menor contato entre estudantes e estudantes e funcionários. Por fim, entendendo o quanto esse momento exige dos trabalhadores da saúde, defendemos que uma parte dos trabalhadores de outras áreas sejam temporariamente realocados para aliviar a carga de trabalho na limpeza e segurança.
A questão sanitária é a mais central mediante esse novo momento que a pandemia nos impõe. Os desmontes orçamentários que vem atingindo o setor público, e a anos particularmente o SUS, com a pandemia, criam uma situação de grave crise a nossa frente, e que poderá custar centenas de milhares de vítimas em nosso país. Tal situação nos impõe a cobrança de ações emergenciais dos governos e instituições públicas para o investimento em saúde pública e saneamento básico. Os esforços do conjunto da sociedade, devem estar focados em amenizar os danos sobre o sistema de saúde e conservar a integridade da maioria da população. A UNICAMP deve refletir a mesma prioridade em suas ações.
O governo do estado e municipal avançaram com as medidas de mitigação para a crise sanitária na última semana, mas a não paralisação de setores não-essenciais do ramo de serviços e da indústria, como o caso do telemarketing e a situação e defesa pró-delivery, e a redução sem paralisar o transporte público contribuem para manter ainda um grande fluxo de pessoas na sociedade, em especial a classe trabalhadora mais precarizada, e aglomerações em locais de trabalho e no transporte público, que aceleram a disseminação do vírus SARS-COV-2.
Por essas razões é importante também pensar sobre as consequências da crise sobre o departamento de Saúde e Pronto-Atendimentos da Unicamp. Já é notável toda a mudança de rotina da equipe e funcionamento no CECOM, CAISM e HC. São mais de 130 casos investigados pelos mesmos, onde apenas dois foram descartados. As equipes de saúde tem se desdobrado para atender da melhor forma possível, mas mesmo assim, sabe-se que em breve os esforços precisarão ser ainda mais intensos. A universidade tem demonstrado responsabilidade e tem sido precursora nas medidas de mitigação da infecção. Tem feito um esforço de preparação infraestrutural dos hospitais para responder a alta demanda que virá por conta da pandemia, e deu o pontapé numa digna iniciativa solidária, recrutando estudantes e docentes para se voluntariarem para combate à doença, que por mais correta que seja, precisa ser refletida pois os esforços desses profissionais serão gigantescos. A não-remuneração destes, mesmo diante dos riscos imposto a esses profissionais e suas famílias, é desumana, pois dependem de suas profissões para sobreviver e poderão morrer nessa guerra contra o vírus. É preciso cobrar responsabilidade do estado e governo federal perante esses e pressionar essas instâncias pela valorização digna dessa prestação de serviço, que será a mais essencial durante todo o período a frente.
Por isso, propomos que haja um deslocamento de esforços laboratoriais, financeiros e científicos para os estudos sobre a infecção, desenvolvimento de testes e tratamentos para a doença. Concentrar os esforços imediatos na produção de testes de diagnóstico rápido que possam ser amplamente utilizados nos atendimentos realizados na UNICAMP e na rede SUS da região metropolitana de Campinas.
Para além disso, considerando que quanto mais rápida a taxa de crescimento do número de casos infectados pelo Covid-19 maior a chance do Sistema de Saúde entrar em colapso por falta de estrutura - profissionais, EPIs, insumos, leitos hospitalares, ventiladores mecânicos - dificultando-se o atendimento dos casos graves e aumentando sua chance de morte; é importante que haja a garantia de Equipamentos de Proteção Individuais para todos os trabalhadores da área de saúde, para avalizar a sua saúde e disposição para trabalhar em prol da comunidade.
A partir desta carta, apresentamos abaixo, para a reitoria da Unicamp, algumas propostas por parte dos estudantes para a crise social, política, econômica e sanitária que o Brasil e o mundo atravessam. Sendo este documento dividido em três eixos: 1) Ensino à distância; 2) Situação dos trabalhadores terceirizados e 3) Saúde e Pronto-Atendimentos da Unicamp.
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Conselho de Representantes de Unidade - CRU
Plano emergencial feito pelos alunos
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Nas previsões divulgadas pelo Ministério da Saúde e em estudos da curva de pandemia, o sistema de saúde entrará em colapso em nosso país entre Abril e Maio, e até Agosto não veremos uma queda significativa no número de casos. O Ministério também já citou a possibilidade de se estender em mais trinta dias a paralisação de atividades escolares e universitárias, hoje definida para 30 de Abril, pois é comprovado que as medidas mais eficientes para reduzir os danos da doença é a inibição da circulação de pessoas. A posição do Presidente Jair Bolsonaro vai na contramão da contenção do caos sociais que poderemos enfrentar, como demonstra em seus irresponsáveis pronunciamentos, e a falta de uma diretriz clara impõe à sociedade desafios ainda maiores de sobrevivência.
Sendo assim, é preciso que todas as medidas pensadas para essa comunidade sejam formuladas a partir do debate com o conjunto dos setores que a compõe, pois seremos todos atingidos pelas mais diversas consequências da pandemia e temos de nos unir para compreender como poderemos superar esse momento de crise. Temos de fazer jus a responsabilidade social que a UNICAMP cumpre e cumprirá nessa situação sem precedentes, e a democracia é uma questão indispensável para isso, especialmente para uma definição concreta sobre o futuro do calendário institucional para este ano.
Não devemos tratar a situação atual como uma situação de normalidade, é preciso suspender em definitivo todas as atividades não essenciais da universidade para garantir que nenhum estudante, terceirizado, servidor ou docente seja prejudicado. Bem como a sociedade que dependerá dos serviço prestados pela instituição. Compreendemos que a condição de produção de materiais de caráter informativo e científico da Unicamp é notável, e que deveríamos reorganizar o orçamento e as atividades docentes, discentes e científicas agora, adequando a dinâmica da universidade para estar completamente voltada para lidar com o coronavírus e seus efeitos. O momento deve ser aproveitado para agir em prol da firme defesa da universidade pública como um órgão essencial para o desenvolvimento da sociedade, e a propagação da importância da ciência.
Além da própria gravidade da situação nacional e estadual, as definições apresentadas pela reitoria até o momento, em especial quanto a continuidade do semestre e a disparidade na concessão de direitos aos funcionários terceirizados, principalmente a falta de diálogo amplo para tomá-las, também nos motivou a escrever este documento. É preciso compreender que numa situação tão crítica e atípica, os alunos, servidores, terceirizados, docentes e profissionais da saúde precisam estar muito mais à disposição de suas famílias, da sua comunidade, vizinhos e familiares. Muitos poderão adoecer ou sofrer com a vulnerabilidade econômica perante a inevitável paralisação. Além disso, é irremediável considerar que o cenário de isolamento combinado com a crise humanitária que enfrentamos levará muitos a sucumbirem também de problemas relacionados a saúde mental, num período que os atendimentos do Sappe está suspenso.
Uma parcela do corpo discente não tem ao menos condições materiais de seguir o semestre, sendo muitos dos bolsistas, ingressantes por cotas e vestibular indígena. Muitos Centros Acadêmicos levantaram dados que mostram que uma parte significativa dos estudantes estão sem acesso a computadores e internet banda larga. Com a extensão do prazo de suspensão muitos destes também já retornaram para suas cidades de origem, e dificilmente poderiam recolher doações de equipamentos e chips, como tem sugerido a Reitoria. Todos os dados levantados pelas entidades estão disponíveis no anexo junto da nossa proposta de Plano Emergencial que fizemos o esforço de elaborar como proposta a ser debatida. Mesmo antes da confirmação do recebimento do auxílio institucional, muitos professores seguem dando aulas e exigindo atividades com datas de entrega, muitas avaliações também seguem com datas marcadas. Estudantes e docentes com filhos terão que cuidar das crianças, visto que as escolas do ensino básico estão fechadas, dificultando o teletrabalho e o acompanhamento do semestre. A qualidade de ensino e adaptação das disciplinas para o EaD, em especial as de teor prático, também será debilitada. Alguns institutos cujo carga de disciplinas práticas é muito alta, turmas inteiras serão obrigadas a trancar as matérias visto que as aulas práticas são impossíveis de se concretizarem remotamente. Não há um canal único de comunicação e muitos docentes têm tido dificuldade de disponibilizar os materiais, e o aporte limitado da universidade para essa adaptação, também configura a precarização do seu trabalho.
A solução de trancamento de disciplinas ou de semestre dada pela reitoria não contempla os alunos em sua totalidade, em especial com a obrigatoriedade de vínculo determinada para os dependentes das bolsas de auxílio o permanência. A alternativa impõe aos discentes uma situação incerta no semestre seguinte, visto os pré-requisitos exigidos entre matérias, e é possível que muitos teriam de atrasar realmente um ano para retomar seus estudos. Tal situação pode gerar superlotação de salas em semestres seguintes ou ainda mais atrasos pela falta de garantia de vagas o suficiente para todos futuramente. Por isso, defendemos a suspensão das atividades e a criação de um novo calendário, descrito no plano emergencial. Isso também evitaria um cancelamento formal, que anularia as bolsas do SAE.
Sabemos que boa parte do funcionamento da Unicamp, principalmente ao que se diz sobre alimentação, segurança e limpeza, se deve aos funcionários de empresas terceirizadas, uma parte indispensável para o bom funcionamento da universidade, garantindo principalmente uma boa estrutura para nossas atividades presenciais. Com a suspensão destas atividades, entendemos que não há necessidade de manter totalmente o efetivo desses terceirizados trabalhando, fazendo diariamente o trajeto Unicamp - casa, que os colocam em risco durante a pandemia. Se faz urgente manter apenas o efetivo essencial nesse momento e liberar, sem prejuízo algum, o que significa sem transferências ou demissões, sem corte de salário e sem represálias, os demais, principalmente aqueles trabalhadores que façam parte dos grupos de risco da doença, os que convivem com pessoas do grupo de risco, visto que podem ser vetores, e aqueles que, com a suspensão das aulas do ensino básico, precisam cuidar de seus filhos. É importante também que os restaurantes universitários sejam fechados (com exceção do da área da saúde, visto que é importante garantir a melhor estrutura para os trabalhadores que serão linha de frente do enfrentamento à crise sanitária) e que a reitoria distribua cestas básicas ou auxílio financeiro para os estudantes que dependem do baixo preço dos restaurantes para se alimentarem, garantindo assim o menor contato entre estudantes e estudantes e funcionários. Por fim, entendendo o quanto esse momento exige dos trabalhadores da saúde, defendemos que uma parte dos trabalhadores de outras áreas sejam temporariamente realocados para aliviar a carga de trabalho na limpeza e segurança.
A questão sanitária é a mais central mediante esse novo momento que a pandemia nos impõe. Os desmontes orçamentários que vem atingindo o setor público, e a anos particularmente o SUS, com a pandemia, criam uma situação de grave crise a nossa frente, e que poderá custar centenas de milhares de vítimas em nosso país. Tal situação nos impõe a cobrança de ações emergenciais dos governos e instituições públicas para o investimento em saúde pública e saneamento básico. Os esforços do conjunto da sociedade, devem estar focados em amenizar os danos sobre o sistema de saúde e conservar a integridade da maioria da população. A UNICAMP deve refletir a mesma prioridade em suas ações.
O governo do estado e municipal avançaram com as medidas de mitigação para a crise sanitária na última semana, mas a não paralisação de setores não-essenciais do ramo de serviços e da indústria, como o caso do telemarketing e a situação e defesa pró-delivery, e a redução sem paralisar o transporte público contribuem para manter ainda um grande fluxo de pessoas na sociedade, em especial a classe trabalhadora mais precarizada, e aglomerações em locais de trabalho e no transporte público, que aceleram a disseminação do vírus SARS-COV-2.
Por essas razões é importante também pensar sobre as consequências da crise sobre o departamento de Saúde e Pronto-Atendimentos da Unicamp. Já é notável toda a mudança de rotina da equipe e funcionamento no CECOM, CAISM e HC. São mais de 130 casos investigados pelos mesmos, onde apenas dois foram descartados. As equipes de saúde tem se desdobrado para atender da melhor forma possível, mas mesmo assim, sabe-se que em breve os esforços precisarão ser ainda mais intensos. A universidade tem demonstrado responsabilidade e tem sido precursora nas medidas de mitigação da infecção. Tem feito um esforço de preparação infraestrutural dos hospitais para responder a alta demanda que virá por conta da pandemia, e deu o pontapé numa digna iniciativa solidária, recrutando estudantes e docentes para se voluntariarem para combate à doença, que por mais correta que seja, precisa ser refletida pois os esforços desses profissionais serão gigantescos. A não-remuneração destes, mesmo diante dos riscos imposto a esses profissionais e suas famílias, é desumana, pois dependem de suas profissões para sobreviver e poderão morrer nessa guerra contra o vírus. É preciso cobrar responsabilidade do estado e governo federal perante esses e pressionar essas instâncias pela valorização digna dessa prestação de serviço, que será a mais essencial durante todo o período a frente.
Por isso, propomos que haja um deslocamento de esforços laboratoriais, financeiros e científicos para os estudos sobre a infecção, desenvolvimento de testes e tratamentos para a doença. Concentrar os esforços imediatos na produção de testes de diagnóstico rápido que possam ser amplamente utilizados nos atendimentos realizados na UNICAMP e na rede SUS da região metropolitana de Campinas.
Para além disso, considerando que quanto mais rápida a taxa de crescimento do número de casos infectados pelo Covid-19 maior a chance do Sistema de Saúde entrar em colapso por falta de estrutura - profissionais, EPIs, insumos, leitos hospitalares, ventiladores mecânicos - dificultando-se o atendimento dos casos graves e aumentando sua chance de morte; é importante que haja a garantia de Equipamentos de Proteção Individuais para todos os trabalhadores da área de saúde, para avalizar a sua saúde e disposição para trabalhar em prol da comunidade.
A partir desta carta, apresentamos abaixo, para a reitoria da Unicamp, algumas propostas por parte dos estudantes para a crise social, política, econômica e sanitária que o Brasil e o mundo atravessam. Sendo este documento dividido em três eixos: 1) Ensino à distância; 2) Situação dos trabalhadores terceirizados e 3) Saúde e Pronto-Atendimentos da Unicamp.
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