segunda-feira, 4 de novembro de 2019

A situação da biblioteca do IA
























A história da biblioteca do IA se confunde com a história do próprio Instituto de Artes. Criada em 1972 – quando o instituto possuía apenas 2 anos de existência – ela vem exercendo papel fundamental na formação de gerações de artistas, oferecendo amplo acesso à informação e atendimento especializado. No dia 24 de outubro, recebemos com espanto a notícia, por parte da direção do Instituto de Artes, de que está sendo negociada a remoção de nossa biblioteca para um espaço dentro da Biblioteca Central (BC).

O argumento utilizado é que o IA carece de espaço. A solução, então, seria transferir a biblioteca e, com isso, ocupar seu prédio para funções administrativas, o que geraria, supostamente, mais espaço para salas de aulas no Instituto. Sabemos dos problemas de infra-estrutura pelos quais nosso instituto passa – aliás, sentimos na pele diariamente todos eles. Porém, a solução encontrada não parece senão um rearranjo feito às pressas, sem planejamento e sem discussão com a comunidade, que somente transfere o problema para outro lugar.

Inicialmente, a direção do Instituto solicitou à direção da biblioteca o espaço do primeiro andar – onde hoje ficam as cabines de estudo e acervo de partituras – para a criação de um espaço administrativo. Diante da recusa da biblioteca em ceder o espaço, a direção do IA partiu em busca de outras soluções, recebendo da vice-reitora, profa. dra. Teresa Dib Zambon Atvars, a proposta de realocação na BC. Ou seja, nosso acervo, que é fundamental para os cursos de artes e é enorme - incluindo livros, revistas, partituras, cds, vinis, vhs, dvds etc - e ocupa um prédio inteiro (inclusive já falta espaço no prédio da biblioteca) passaria a ficar espremido na BC.

A transferência da biblioteca implica em diversos problemas para as funcionárias e funcionários e para quem a utiliza. Em primeiro lugar, o espaço oferecido na BC apresenta problemas de infraestrutura, como teto baixo, tubulações de ar que atravessam todo o espaço e iluminação insuficiente. Todos esses fatos contribuem para a criação de um ambiente sufocante e pouco atrativo para estudantes. Além disso, há a possibilidade de ter que dividir esse espaço com outras bibliotecas de unidade que também podem ser desalojadas; a BC não tem espaço de estudo para comportar tanta demanda de pessoas. Em segundo lugar, tememos que essa mudança implique em uma perda de identidade da biblioteca do IA. Sabemos que foi assegurado à direção do IA pela vice-reitora que seria mantida sua identidade mesmo dentro da BC, porém, esta garantia está limitada somente à atual gestão. E depois que mudar a reitoria? O “acordo” será mantido? Não há como ter garantias. Acreditamos que, com o tempo, nosso acervo corre o risco de ser incorporado à BC, nossas/os funcionárias/os realocados e, com isso, nossa história e nossa identidade se perderão. Outro problema que vem assolando a Unicamp de um modo geral é a insuficiência de recursos humanos: funcionárias/os cada vez mais sobrecarregadas/os, tendo que exercer funções que, muitas vezes, não são as suas, para suprir a falta de efetivo.

Vale ressaltar que a remoção da biblioteca do IA não é um problema isolado, mas sim um projeto de desmonte e precarização da Reitoria da Unicamp que engloba todo o sistema de bibliotecas. Exemplo disso é a biblioteca da FCM que sofreu uma drástica diminuição de seu espaço, levando a uma baixa patrimonial e a utilização de containers para armazenar alguns materiais, conforme exposto pelo grupo de funcionários Vamos à Luta Unicamp. Além disso, vemos a tentativa de aglomeração de diversos acervos especializados da Unicamp, tais como do CMU, NEPO e NEPP, ignorando por completo suas especificidades de armazenamento e gestão. Podemos concluir que esse movimento visa à progressiva diminuição de funcionárias/os na Unicamp. A conta é simples: com a ida de funcionárias/os da biblioteca do IA para a BC, aquele espaço contará com a soma de todas essas trabalhadoras e trabalhadores. Com o tempo, conforme estes forem se aposentando, ao invés da contratação de novas/os funcionárias/os, o trabalho será redistribuído entre aquelas/es que permanecerem. Isso resultará no sucateamento total dos serviços que o sistema de bibliotecas da Unicamp oferece às suas usuárias e aos seus usuários (estudantes, docentes e pesquisadoras/es de todo o Brasil e exterior).

Acreditamos que este é um assunto que deve ser discutido com a comunidade toda, sendo que a direção do instituto não fez nenhum esforço neste sentido, então chamamos todas e todos as/os estudantes de pós-graduação para a assembleia da pós, que acontecerá na segunda-feira, dia 04/11, meio dia no vão do IA.

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